segunda-feira, 2 de abril de 2012

Primórdios do Tropicalismo


Obra de Hélio Oiticica - Tropicália
 Tropicália não era apenas um movimento hippie em seu início. Ele também tomou forma na cena das artes visuais dos anos 1960 no Brasil, pelas mãos dos artistas Hélio Oiticica, Adriano Emerson Catarina, Lygia Clark, Rogério Duprat, e Antonio Dias. O nome Tropicália veio de uma instalação de arte do Hélio Oiticica com o mesmo nome. É importante notar que uma das construções culturais do movimento Tropicália era antropofagia, ou o canibalismo cultural e musical de todas as sociedades, tendo em influências de todos os gêneros e inventar algo único. O conceito de antropofagia, como abraçado pelo movimento Tropicália, foi criado pelo poeta Oswald de Andrade em seu Manifesto Antropófago (Manifesto Canibal), publicado em 1928.









Álbum Tropicália  ou Panis et Circensis
Devido as suas raízes para tolerância hippie e a inovação, a chegada da Tropicália na cena musical brasileira começou na década de 1960. O álbum Tropicália  ou Panis et Circensis de 1968, é amplamente considerado o manifesto musical do movimento, inicialmente guiado por Caetano Veloso e Gilberto Gil. Os dois, juntamente com outros artistas associados com o movimento, experimentaram com compassos incomuns e outros meios de estruturas musicais pouco ortodoxas. Politicamente, o álbum expressa a revolta contra o golpe de 1964. Na verdade, as letras politicamente engajadas e as formas artísticas de ativismo, contaram muito para o movimento após o golpe de 1964, bem como seu movimento cinematográfico brasileiro contemporâneo, o Cinema Novo. 














 
Caetano Veloso e Gilberto Gil foram exilados
Apesar de seu sucesso, o movimento durou poucos anos, sua influência na música brasileira, no entanto, era ampla e de longo alcance. Seus líderes iniciais, Caetano Veloso e Gilberto Gil, foram presos pelo governo militar sobre o conteúdo político do seu trabalho. Depois de dois meses, Caetano e Gil foram liberados e exilados em Londres pelo governo militar, onde viveram até 1972. "Outros do movimento Tropicalismo tiveram menos sorte, vários foram submetidos a tortura ou foram forçados a ' tratamento psiquiátrico '. Um tropicalista, o letrista e poeta Torquato Neto, suicidou-se após tal tratamento". Apesar de Gil e Veloso foram exilados do Brasil. por quatro anos, eles finalmente conseguiram continuar suas carreiras na Europa.





Apesar de ser de curta duração, o movimento Tropicália seria honrado mais tarde, em 1985, quando no seu legado de 20 anos, o  Brasil retorna a um governo democrático. Em 1993, Caetano Veloso e Gilberto Gil, lançaram o CD Tropicália 2 para comemorar 25 anos do movimento e sua importância para a história brasileira, como uma espécie de lembrança nostálgica de suas experiências anteriores. Na verdade, muitos anos desde a sua criação, a Tropicália e seus pioneiros continuam a ser citados por músicos de todo o mundo como fontes de criatividade e inspiração musical. A contracultura hippie foi assimilada com a adoção do modo de longos cabelos crespos e roupas escandalosamente coloridas.





O movimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968. A cultura do Brasil, no entanto, foi marcado para sempre pela descoberta da modernidade e dos trópicos. Ambos os historiadores que são normalmente da América Espanhola, dizem que a Tropicália é a Nueva Cancion no Brasil e Portugal.

Influências do Movimento Tropicália


 As influências do tropicalismo esteve no contexto tanto intelectual como pop, tornando-se como uma mistura de canções e poesias, artes plásticas e pinturas, filmes e programas de TV. Estes incluem:

Poesia concreta


Movimento de vanguarda literária que surgiu no Brasil na segunda metade dos anos 50. Em 1958, o poeta Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari lançaram no número quatro da revista Noigandres, o manifesto intitulado "Plano Piloto para Poesia Concreta". A proposta era questionar a forma tradicional da poesia em rimas e métricas estruturadas, decretando o fim do verso e sugeriu sua substituição por novas estruturas baseadas na disposição espacial das palavras em alinhamentos geométricos. Buscando uma nova maneira de transmitir a expressão poética, o Betão vai centrar as suas preocupações sobre a materialidade da palavra em seu mais amplo som (música) e gráfico (visual). A poesia concreta resgata propostas radicais formalistas anteriores que percorreram difusamente os movimentos de vanguarda do início do século XX. O lema é o emblema do poeta russo do início do século XX, Maiakovski: "Sem forma revolucionária não há arte revolucionária". Suas influências principais: Mallarmé, James Joyce, Mayakovsky, Souzândrade, Ezra Pound, ee cummings, João Cabral de Melo Neto e Oswald de Andrade.















Jovem guarda


A Jovem Guarda, também conhecida como o estilo e próprio grupo de cantores e compositores que fizeram o programa num momento em que a música Bossa Nova estava lutando a partir de algumas músicas mais conservadoras e de protesto. Atuando como uma tradutora nacional do Rock and Roll, a Jovem Guarda vai ganhar o público em geral, tornando-se o fenômeno da cultura pop no Brasil. Suas canções e guitarras elétricas atraem a atenção dos tropicalistas, estrategicamente usando sua irreverência. A aceitação de "pop nacional", de Caetano Veloso e Gilberto Gil - a partir de uma dica de Maria Bethânia - foi decisivo para o movimento.



















 Bossa Nova


Inicialmente influenciado pelo Jazz, Bebop e Cool Jazz, a Bossa Nova, com sua explosão internacional no início dos anos 60, é a música influênciadora norte-americana, afirmando-se como um produto moderno e universal nacional. A batida nasceu no mar em Copacabana e, portanto, um caso típico de "canibalismo cultural", pensou Oswald de Andrade.

E é com os olhos fixos sobre a Bossa Nova e o ouvido na voz e no violão de João Gilberto, Caetano Veloso propõe, em maio de 1966, a "retomada da linha evolutiva" da música brasileira. A retomada desta linha evolutiva feita pelo jovem compositor Baiano desaguaria, logo depois, no Tropicalismo.

Música - O elemento essêncial da Tropicália

Sendo um Movimento principalmente musical, o Tropicalismo trouxe consigo até os dias de hoje, músicas que podem revelar os aspectos que tinham este movimento. Por isso, queremos mostrar abaixo, quais seriam os cantores, bandas, músicas e outros elementos semelhantes, que marcaram a parte musical da Reforma Tropicalista.

Bandas/ Cantores



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Álbuns

Obs: Ao iniciar os vídeos, clique neste botão,que possui no vídeo, para abrir uma aba com todas as músicas do Álbum.

TROPICÁLIA ou PANIS ET CIRCENCIS (1968) – Mutantes





CAETANO VELOSO (1968)




GILBERTO GIL (1968)



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Músicas

Tropicália - Caetano Veloso

 

Letra:

Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz

Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país

Viva a Bossa, sa, sa
Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça
Viva a Bossa, sa, sa
Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça

O monumento
É de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde
Atrás da verde mata
O luar do sertão

O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga
Estreita e torta
E no joelho uma criança
Sorridente, feia e morta
Estende a mão

Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis

Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis

Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre
Muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança um samba de tamborim

Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele põe os olhos grandes
Sobre mim

Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém...

O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem

Que tudo mais vá pro inferno
Meu bem

Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da
Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da

Alegria, Alegria - Caetano Veloso


Letra:

 Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou...

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou...

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot...

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou...

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não...

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento,
Eu vou...

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou...

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou...

Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou...

Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...

Panis et Circences - Gilberto Gil e Caetano Veloso


Letra:

Eu quis cantar, minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no cais
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
Estão ocupadas em nascer e morrer

Mandei fazer de puro aço um luminoso punhal
Para matar o meu amor e matei
As 5 horas na Avenida Central
Mas as pessoas na sala de jantar
Estão ocupadas em nascer e morrer

Mandei plantar, folhas de sonho no jardim de solar
As folhas sabem procurar pelo chão
E as raizes procurar, procurar
Mas as pessoas na sala de jantar
Essas pessoas na sala de jantar
São as pessoas na sala de jantar

Mas as pessoas na sala de jantar
Estão ocupadas em nascer e morrer
Cadê Tereza - Jorge Ben


Letra:

Tereza! Tereza! Tereza!

Cadê Tereza?
Onde anda
A minha Tereza?..(2x)

Tereza foi ao samba lá no morro
E não me avisou
Será que arrumou outro crioulo
Pois ainda não voltou...

Mas!
Cadê Tereza?
Onde anda a minha Tereza?
Cadê Tereza?
Onde anda a minha Tereza?...

Tereza minha nêga, minha musa
Eu gosto muito de você
Sou um malandro
Enciumado, machucado
Que espera por você...

Eu juro por Deus
Se você voltar
Eu vou me regenerar
Jogo fora o meu chinelo
Meu baralho
E a minha navalha
E vou trabalhar
Jogo fora o meu chinelo
Meu baralho
E a minha navalha
E vou trabalhar...

Mas!
Cadê Tereza?
Aonde anda
A minha Tereza?...(2x)

Tereza foi ao samba lá no morro
E não me avisou
Será que arrumou outro crioulo
Pois ainda não voltou...

Mas!
Cadê Tereza?
Aonde anda
A minha Tereza?...(2x)

Tereza minha nêga, minha musa
Eu gosto muito de você
Sou um malandro
Enciumado, machucado
Que espera por você...

Eu juro por Deus
Se você voltar
Eu vou me regenerar
Jogo fora o meu chinelo
Meu baralho
E a minha navalha
E vou trabalhar
Jogo fora o meu chinelo
Meu baralho
E a minha navalha
E vou trabalhar...

Mas! Por Deus!
Cadê Tereza?
Aonde anda a minha Tereza?
Mas!
Cadê Tereza?
Aonde anda a minha Tereza?
Mas!
Cadê minha Tereza?
Minha amada idolatrada
Salve! Salve!
A mais amada
Adorada do meu Brasil
Tereza a minha
Glória nacional...

-"Tereza!
O negocio é você voltar nêga
A rapaziada toda lá em cima
Já tá arrumando, olha aí!
Pintei e barraquinho
Todinho de azul e rosa
Todinho prá você, aquilo tudo
Tereza!
Cam bak minha nêga, cam bak
Sou malandro apaixonado
Caí na realisade que te amo
Sá quero você
Depois de você Tereza
Bem depois, só o Flamengo
Olha aí!
Volta Tereza, volta
O negócio é você voltar"